Olá, olá! Como vai você nesta sexta-feira?
Por aqui, ainda estamos com a cabeça no último final de semana, quando estivemos reunidos no Ceará e em São Paulo para celebrar quatro livros de nosso catálogo.
Em Fortaleza, Yvonne Miller foi falar sobre Deus criou primeiro um tatu e sua produção de crônicas com os participantes do clube de leitura da Livraria Lamarca. Já na capital paulista, sob forte chuva, Cecília Garcia, Eduardo Rosal e Lolita Beretta lançaram, respectivamente, Jiboia, O sorriso do erro e Caminhávamos pela beira na Ria Livraria.
É sempre muito bom reunir nossos autores e leitores, ver a literatura transcender as páginas dos livros ou as telas de celulares e computadores. Vendo tantas pessoas com projetos bacanas reunidas, decidimos retomar os Recados da comunidade, espaço para os membros da comunidade Aboio divulgarem seus trabalhos aqui na nossa newsletter.
E, na próxima semana, temos mais um encontro com o pessoal de Porto Alegre. Jailton Moreira volta ao V744atelier para uma conversa sobre seu livro, Ilustrações. O encontro acontece no dia 13, quarta-feira, às 18h.
PEQUENA TERRA BATIDA – FERNANDA GERMANO
Pequena Terra Batida (Patuá, 2023) é o terceiro livro de prosa, mas o primeiro de contos, da escritora Fernanda Germano, autora dos romances Cegueiras na Calçada (Voz de Mulher, 2022) e Pelas Frestas (Penalux, 2023). O tema central da obra é a infância, nas suas mais diversas circunstâncias. Inspirada nos relatos de meninas atendidas em um projeto que visa à promoção de saúde, cidadania e direitos humanos em uma área de ocupação urbana em Campinas (SP) e na própria história, Fernanda Germano cria a atmosfera própria das crianças que, forçadamente, crescem sem espaço e, muitas vezes, sem amor. Da galinha decapitada à maritaca fugida, Pequena Terra Batida revela quatorze contos, cada qual em sua individualidade de relato de episódios nas vidas de tataravós, bisavós, avós, mães, filhas e irmãs, que, por mais distintas que possam parecer entre os escritos, aproximam-se mutuamente quando lemos os contos em uma contínua narração. Entre cenários rurais e urbanos, violências e pacificações, prisões e liberdades, são expostas as relações femininas no seu mais alto discernimento: a maternidade e a mulherice. Pequena Terra Batida é a expressão de histórias de famílias; é a história de todas nós.
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SOB A LUZ NEGRA – ANDRÉ SOUTO
Servidor do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), André Souto conhece bem as estruturas de segurança pública do Brasil, como fica evidente em Sob a Luz Negra (Penalux, 2023), seu romance de estreia. A história apresenta o protagonista Oscar, agente num presídio federal de segurança máxima onde lida todos os dias com líderes de facções criminosas e alguns dos elementos mais perigosos do Brasil. Nós o conhecemos junto de sua esposa grávida, Nina, em meio a uma fuga, vivendo como se cada passo pudesse os levar para um beco sem saída. Em razão de sua função, a mente perturbada de Oscar faz com que adote rígidos protocolos de sobrevivência e imponha a sua esposa seus medos, arrastando-a para o centro de suas paranoias. Como explica o próprio autor, o livro é uma metáfora sobre verdades fora do espectro visível, onde nada é o que parece. À medida que a história avança, os medos dos personagens passam a transbordar as páginas até revelar o que uma pessoa é capaz de fazer quando vê sua sobrevivência em risco – quando se torna uma ameaça à própria espécie.
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O MAR DE VIDRO – GABRIELA LAGES VELOSO
Publicado pela Caravana Grupo Editorial, O mar de vidro, da poeta maranhense Gabriela Lages Veloso, nos revela, através de uma linguagem poeticamente elegante, a profundidade de dois grandes símbolos universais: a água e o espelho. De um lado, o mar como representatividade do curso da existência humana e a instabilidade de seus sentimentos e desejos; de outro, o espelho, superfície do mar que reflete a imagem contemplada e que a confronta com seus reais abismos, aqueles do eu profundo, a alma: 'Tua dura água reflete / e encanta os Narcisos, / levando-os ao eterno / descontentamento (…) Espelho, és o poço mais / profundo que existe' (O mar de vidro). A leitura dos versos de Gabriela nos conduz a uma viagem pelo conturbado mar da essência humana sob o oráculo da Tríade Divina: Gaia, a Mãe Terra, símbolo da fertilidade e da renovação, a origem de toda a vida; Vênus, a que aviva o desejo apaixonado dos corações humanos e que busca pela sublimação do amor; e Atena, símbolo da comoção e evolução humanas, a que prima pela reflexão.
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AS PULGAS – VITOR SAMPAIO
Em meio a um acontecimento absolutamente banal – uma ida ao supermercado –, Roberto é surpreendido por uma coceira intensa que rompe com seu cotidiano, lançando-o em um vórtice de desespero. Conforme avança a tarde de sábado, em meio a caminhadas pelo seu bairro, o homem é perturbado pelas pulgas. Ao mesmo tempo em que tenta superar os pequenos obstáculos absurdos do cotidiano urbano, é chamado a dar conta de sua própria história, realizando um mergulho em sua intimidade conflituosa, que revela os malogros de uma vida e tudo o que o levou até o momento no qual, sem aviso prévio, encontrou as pulgas. As pulgas (Ases da Literatura, 2023) é um romance psicológico que mergulha nas angústias e aflições do protagonista, um homem perturbado por seu passado e pelo seu presente.
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POESIA É RISCO – DIEGO PANSANI
Poesia é Risco (Edições Jabuticaba, 2023) é o novo título do campinense Diego Pansani, já conhecido por suas obras O Amador (Editora Urutau, 2018) e Nenhuma Poesia (7Letras, 2019. O livro, premiado pelo ProAC, se destaca por sua experimentação vinculada a um procedimento poético mais conhecido como blackout, isto é, o ato de riscar palavras ou trechos de um texto já existente, produzindo um material novo e inédito. O título da obra é uma referência direta à performance homônima de 1996 do poeta Augusto de Campos, citado por Pansani como uma de suas grandes influências ao lado do próprio irmão, Haroldo; ambos são figuras importantes para a poesia brasileira, principalmente no que diz respeito à poesia concreta, caracterizada pela experimentação radical da linguagem. O autor explica que a investigação de uma proposta expandida da poesia, que coloca em jogo questões como autoria, processos de escrita e o manuseio da linguagem poética teve início em 2018, quando participou do Curso Livre de Preparação do Escritor (CLIPE), oferecido pela Casa das Rosas. A obra pode ser adquirida diretamente com o autor.
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Vamos lado a lado na construção de uma cena literária nacional cada vez mais forte. E nunca esquecer: o canto é conjunto.
Bom final de semana e até semana que vem!
Equipe Aboio