Edição especial: A literatura diante do impensável
O que escrever quando faltam palavras?
De muitas maneiras, o colapso ambiental anunciado há anos ainda parece uma realidade distante, um problema para as futuras gerações com o qual só teremos contato através das tela de cinema ou das páginas de um livro. O que acontece agora no Rio Grande do Sul choca pela magnitude do desastre, mas também porque nos sentimos algo traídos. “Não era pra acontecer ainda”.
Não faz muito tempo que estivemos em Porto Alegre para o lançamento de As rimas internas, de Luis Felipe Abreu. Naquele sábado de março, ninguém imaginaria que a cidade em breve estaria tomada pela água. Conforme o nível do Guaíba subia, Yvonne Miller discutia as lutas ambientais e a política dentro da crônica a partir do seu Deus criou primeiro um tatu numa mesa da Flipoços.
De que serve a literatura agora?
O gaúcho Mauro Paz, cujo último romance, Quando os prédios começaram a cair (Todavia, 2023), retrata a vida num contexto de desastre bastante semelhante ao que se passa em seu estado natal sentou com Anita Deak no podcast Litterae para discutir o tema.
Cecília Garcia, que usa a ameaça do colapso iminente para construir a atmosfera de terror Jiboia, nos convidou a conhecer o projeto Filamentos, da Bandeirola Editora, que discute ecologia e literatura com curadoria de Ana Rüsche.
A verdade é que nossas palavras não podem fazer muita coisa diante desse cenário. Isso não significa, porém, que elas sejas inútil. Aqui, pedimos licença para sermos um pouco bregas: é a Literatura — com l maiúsculo mesmo, pra ficar mais emotivo — que vai denunciar os horrores do mundo e gerar a reflexão necessária para mudar o que precisa ser mudado.
Sabemos, no entanto, que a vontade de ajudar de maneira mais concreta é grande no momento. As agências dos Correios estão aceitando doações de roupas, e deixamos aqui uma listinha de iniciativas de movimentos sociais e comunidades tradicionais para você considerar ajudar com algum valor.
Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul)
Pix (CNPJ): 00.479.105/0005-07
Cozinhas Solidárias do MTST
Pix (e-mail): enchentes@apoia.se
Dados bancários (Itaú): ag. 4300 │ 99707-1
Movimento Negro Unificado (MNU)
Pix (celular): 55 99138 1717
Quilombo dos Machado
Pix (e-mail): quilombodosmachado@gmail.com
Retomada Nhe Engatu
Pix (CPF): 032.874.330-59
Federação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Rio Grande do Sul – FACRQ/RS
Pix (CNPJ): 46829258/0001-04
Retomada Xokleng Konglui
Pix (e-mail): culungteie@gmail.com
Retomada Gãh Ré Kaingang
Pix (CPF): 349.022.360-87
Muitas livrarias, escritores e editoras foram vítimas dos alagamentos. Abaixo, listamos as que conseguimos mapear até agora caso você queira ajudar.
Livraria Taverna
Pix (e-mail): livrariataverna@gmail.com
Brasa
Pix (e-mail): eventos@brasaeditora.com.br
Casa de Cultura e Resistência
Pix (e-mail): casadeculturaeresistencia@gmail.com
Outras iniciativas
Em São Paulo capital, o influenciador literário Rodrigo Roque decidiu trocar seus livros por doações. O ponto de encontro é a unidade de Pinheiros da Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915). O bazar acontece até domingo, dia 12.
No sábado, 11, a mesma iniciativa chega ao Rio de Janeiro. Localizada no Centro, a livraria Leonardo da Vinci (Av. Rio Branco, 185, subsolo, cj. 1) vai ser o palco carioca do bazar idealizado por Rodrigo.
De volta a terras paulistanas, a Martins Fontes da Bela Vista (Av. Paulista, 509) oferece 10% de desconto para quem doar 1kg de alimentos não perecíveis.
Deixamos nosso abraço a todas as pessoas afetadas pelas enchentes. Se você souber de outras iniciativas precisando de doações, deixe as informações nos comentários!
Vamos juntos. Afinal, o canto é conjunto.
Com esperança de um futuro melhor,
Equipe Aboio