Alô, alô! Tudo bem por aí?
Nesta sexta-feira pré-Carnaval, trazemos pra você o primeiro top hits do Portal Aboio de 2024, os cinco cantos publicados recentemente em nossos pastos que mais reverberaram com a nossa comunidade.
Antes, porém, temos um lembrete importante! Se você também gostaria de ver seu texto publicado na nossa revista virtual, a X Chamada continua aberta até o dia 28 de fevereiro. Como sempre, vale mandar poesia e prosa, e não há tema definido. O envio deve ser feito através deste formulário aqui, onde estão as especificações de formatação dos arquivos e mais alguns detalhes; nossas redes estão abertas caso surja qualquer outra dúvida.
✍️🏽 Enquanto você pensa no que mandar pra gente, vem ver quem andou aboiando por aqui!
“HAMLET Como é que ele enlouqueceu?
“JARDINEIRO O bagulho foi louco, dizem por aí.
“HAMLET Louco como?
“JARDINEIRO Acredito que de perder o juízo.
“HAMLET Quero saber em que pé a coisa se deu, entende?
“JARDINEIRO Aqui mesmo, no pé do morro. Já sou jardineiro na comunidade, inocente a culpado, tem uns quinze anos.
“HAMLET Por quanto tempo um corpo fica na terra até apodrecer?
“JARDINEIRO Olha, se ele já não estava podre antes de morrer – é só ver hoje a quantidade de carcaça empestada que mal aguenta o enterramento – deve durar mais de nove anos. Um curtidor dura bem dez anos.”
Em Um crime de Hamlet, André Balbo mistura a peça de Shakespeare com um conto de Clarice Lispector
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“existe algo da febre que é de uma insistência descomunal da vida / tentando se manter / mais e mais viva / isso me emociona e angustia / e só posso fotografar o que me emociona / e angustia”
Diego Rezende fotografa diferentes momentos no poema Uma cintilância volátil
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“Uma janela piscando chamou a sua atenção. Clicou. ICQ aberto. Alguém com o nick Hotel California mandava saudações. Definitivamente coisa de Oscar. Não entendia essa obsessão por uma época. Como se os melhores anos e as melhores músicas já tivessem passado. Era como ficar voluntariamente presa ao segundo grau pelo resto da vida. Não, obrigada. Maristela tinha necessidade de futuro. Desde o dia em que desagradou a família com Oscar, ela entendeu que escolher o que queria para si poderia significar abrir mão do apreço de algumas pessoas. Ou lidar com o ranço delas por algum tempo, até que esse sentimento desbotasse como roupa guardada no armário. Uma peça a ser descartada porque já não faz mais sentido estar ali, a não ser como um lembrete da própria teimosia. Hotel California não parava de enviar mensagens.”
Cheio de nostalgia e tensão, Hotel California é um conto de Alessandra Boos
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“Você amaria conhecer a Cássia. / Pena que ela já partiu para outra viagem / inacreditável. Cássia é volátil. Está sempre / uma champanhe à frente. / Tudo o que temos são aproximações. / As coordenadas de seu último cartão-postal. / Porém que chances de alcançá-la agora / em Capri? Já teria embarcado minutos antes / no iate de um milionário turco-cipriota / deixando pra trás só um lenço de seda / e um rastro de Shalimar.”
André Foltran descreve uma musa fugidia em Aproximações de Cássia
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“E uma vez que tinha começado a fingir que não via a outra – que certamente queria lhe dar as boas-vindas, convidá-la para um café mais tarde ou dizer algo bacana do tipo “se um dia precisar de um ovo ou uma xícara de trigo, é só falar, viu?”, – uma vez que tinha começado a fingir que a outra não estava ali, praticamente ao alcance da mão, acenando doidamente para ela (agora com os dois braços), não tinha mais como desfazer a desfeita. Como poderia, de repente, levantar a cabeça, olhar para a outra com um ar de surpresa e acenar de volta? Não podia fazer isso; seria óbvio demais. Ou não? Poderia?”
Na crônica Sonhei com você, pra mais informações mande um zap, Yvonne Miller conta a história de uma não-relação entre vizinhas
📚 PRÉ-VENDAS
Deixou a promessa de ler mais em 2024 pra depois do Carnaval? Então vem cá ver os títulos da Aboio em pré-venda! Ao comprar nesse período, você tem desconto no livro e no frete, além de gravar seu nome nos agradecimentos de todas as edições da obra.
antes que o fruto caia - até 11 de fevereiro
Apesar do nome, Maria sempre teve a convicção de que não seria mãe. No entanto, uma viagem com os colegas de trabalho e o breve envolvimento com um deles num areal qualquer de Ubatuba põem suas certezas em xeque. Mesmo sabendo qual decisão deveria tomar, as dúvidas se multiplicam junto às células em seu ventre; o ente vira embrião, depois feto. A perspectiva da maternidade não planejada nem desejada empurra a personagem para dentro de si mesma na busca por respostas junto ao seu ser-mulher e seu ser-filha.
A prosa de Andreas Chamorro, contista veterano, desabrocha ao ganhar as páginas de uma narrativa de maior fôlego. Transitando na vastidão entre sua liberdade de escolha e instintos ancestrais, Maria é uma protagonista complexa que instiga simpatia e aversão na mesma medida, um retrato fiel das dores humanas inevitáveis mesmo quando se nasce sob o signo de uma santa.
As rimas internas - até 24 de fevereiro
O romance de estreia de Luis Felipe Abreu nos guia pela aventura existencial-literária da jornalista Luíza, responsável por escrever a biografia da arredia poeta Flora L., uma mistura fictícia de figuras como Ana Cristina César, Sylvia Plath e Alejandra Pizarnik. Ao mergulhar na vida da escritora, a narradora se perde num labirinto literário que faz diversos acenos à república das letras do mundo real.
“Minha proposta foi tentar uma prosa que vai crescendo no seu aspecto de delírio. Ficando cada vez mais afetada e fabril, para gerar no leitor a impressão da ‘contaminação’ passada pela narradora, que mergulha na figura de Flora e passa a confundir a realidade com as memórias e impressões da poeta”, explica o autor.
Obrigado pela comida - até 05 de março
Depois de trazer diversos títulos de prosa nórdica para o Brasil, chegou a hora da poesia do norte europeu aterrisar por aqui com a Coleção Edda Poética.
O primeiro autor da coletânea é Jon Ståle Ritland, cuja exploração apaixonada pela comida foi traduzida por Leonardo Pinto Silva com apoio da NORLA, agência norueguesa de fomento à literatura do país. A edição conta também com ilustrações de Magne Furuholmen, da banda A-Ha.
🗣️ RECADOS DA COMUNIDADE
Tem indicação de livro, quer ajuda pra divulgar um projeto ou o seu evento? Escreve pra gente em editora@aboio.com.br com as informações!
O massacre da Faria Lima, de L.G Velani
Lançado em novembro de 2023 pela Editacuja, "O massacre da Faria Lima" tem como pano de fundo um crime em dos grandes centros do mercado financeiro, área na qual o autor atuou durante seis anos. Paredes manchadas de sangue, uma katana e as consequências psicológicas do sistema em que vivemos são apenas alguns dos tantos elementos da nova obra de L.G Velani, que destaca Drummond, Rubem Fonseca, Umberto Eco e Roberto Bolaño como influências.
Hoje, ficamos por aqui. Bom bloquinho, boa viagem, boa estadia sossegada em casa - seja lá como você prefira curtir o feriado, bom Carnaval!
A gente se vê na semana que vem.
Equipe Aboio
Chamada linda, já enviei meus poemas 💌